A Mariana e o Sol

Era uma vez uma menina que se chamava Mariana. Cada vez que o sol nascia e porque tinha de ir para a escola, esta menina que tinha uns grandes olhos azuis, chorava muito, mas muito mesmo.

- Não quero ir, não quero ir. – chorava, chorava, chorava.

Ninguém conseguia que ela parasse. E cada dia que passava, chorava mais.

Dizia:

- É injusto ter de ir para a escola. Os adultos vão trabalhar e fazem o que querem e eu tenho de ir para a escola que é tão aborrecido. Ficamos o dia todo a ter de aprender e não podemos fazer o que queremos. É uma grande chatice.

Os dias passavam-se e o choro da Mariana não terminava. Os pais já não sabiam o que fazer. Até que um dia, o Sol que sempre que aparecia, ouvia a menina a chorar, resolveu ir falar com ela.

- Oh Mariana, porque é que cada vez que me vês, começas a chorar e tanto que até te oiço lá de cima? Eu não faço mal. Pelo contrário, dou-vos luz e calor para vocês poderem viver o vosso dia bem.

A Mariana olhou surpreendida para o Sol e começou a soluçar dizendo-lhe:

- Não é por causa de ti mas porque tenho de ir para a escola. E é tão injusto quando os adultos podem fazer tudo o que querem.

O Sol ficou a olhar para ela e disse-lhe:

- Não é bem assim. Cada adulto tem o seu trabalho e cada trabalho tem sempre partes aborrecidas e difíceis.

A menina olhou para ele abanando a cabeça como quem não acreditasse no que lhe dizia. Até que o Sol lhe disse.

- Olha, tenho uma ideia. Vamos fazer o seguinte. Hoje, trocamos.

- Como trocamos? – perguntou a menina muito admirada.

- Sim, eu vou para a escola e tu vais fazer de sol. - respondeu ele.

A menina ficou a olhar para o Sol com ar admirado mas, logo depois começou a pensar que, desta maneira, poderia fazer o que quisesse durante o dia e disse que sim.

E assim foi. O Sol foi para a escola e a menina foi fazer de sol.

Quando chegou ao céu, encontrou as nuvens que lhe disseram.

- Olá Sol, vai para o teu lugar temos de começar mais um dia.

A Mariana ficou logo surpreendida por achar que já estavam a dizer o que ela tinha de fazer. E então disse às nuvens:

- Mas, mas … eu não posso fazer o que quero?

E as nuvens responderam:

- Como assim? - perguntaram - O sol tem de dar luz e calor ao mundo e tem de ficar parado. Já trabalhas aqui há muito tempo, já sabes que é assim.

A menina foi então para o lugar que lhe disseram e ficou ali …. O diiiaaaa todooo. Quando chegou a altura de voltar para casa, ela nem queria acreditar que já podia deixar de fazer de sol e pensou:

- Ufa, isto é que é mesmo aborrecido. Parado o dia todo. Sem brincar. Sem aprender. Sem falar com ninguém...

E nisto, quando terminou, encontrou-se com o Sol que voltava todo feliz do dia da escola e disse-lhe:

- Ai Sol, é muito difícil o que fazes. É muito, mas muito mais aborrecido do que a escola.

O Sol começou a rir à gargalhada.

- Mas Mariana, que esperavas? Cada um de nós tem a sua função. Umas até podem ser mais divertidas desde que gostes de as fazer. Mas todas as funções têm partes aborrecidas. Na escola é o mesmo. Tens de aproveitar enquanto brincas nos recreios e até quando aprendes nas aulas. Tudo isso é bom e divertido e preparam-te para mais tarde teres uma função que gostes mais de fazer.

A Mariana começava a entender. Ficou muito sossegada a pensar no dia que tinha passado e percebeu o que o Sol lhe tinha dito e o que lhe quis mostrar.

No dia seguinte finalmente a Mariana sem chorar, sorriu para o Sol dando um salto da cama e vestiu-se rapidamente para ir para a escola.

Desde então a Mariana nunca mais deixou de sorrir e o Sol ao vê-la feliz, sorri também. Esta parte era o que a sua função tinha de melhor.