top of page
Buscar

O canguru que não consegue saltar

  • Inês Frade Pina
  • 18 de jan. de 2019
  • 3 min de leitura



ree


Era uma vez um canguru chamado Ernesto. O Ernesto vivia com seus pais e seus irmãos numa aldeia de cangurus, num país chamado Austrália.


Ao contrário de todos os outros cangurus que assim que nasciam começavam a dar grandes saltos, e que faziam de forma natural, sem aprender, o Ernesto foi crescendo sem nunca conseguir saltar.


Todos os outros cangurus estranhavam que o pequeno canguru não conseguisse saltar. Uns tinham pena e outros gozavam com ele porque era diferente de todos os outros.

Os pais tentaram de mil e uma maneiras que ele aprendesse. Mas ele continuava a não conseguir. Cada vez mais triste andava o Ernesto por ser diferente. Ele não sentia falta de saltar porque nunca o tinha feito mas como todos os outros saltavam, ele achava que era algo que devia fazer também.


Os pais já sem saber o que fazer, levaram o Ernesto ao canguru mais velho da aldeia, o Canguru Elias.


Este canguru era muito sábio. Tinha solução para tudo o que era um problema na aldeia e os pais tinham esperança que pudesse ajudar o Ernesto.


Elias tinha um ar cansado da idade mas tinha olhos doces cor de mel e uns óculos na ponta do nariz. O Ernesto quando chegou ao pé dele, sentiu de imediato estar em boas mãos.


- Ora então este é o pequeno Ernesto? – disse o Elias com ar divertido.

O Ernesto não percebia porque ele se divertia tanto quando ele tinha este problema tão grande.


Por fim, o Elias disse:


- Amanhã por esta hora, voltas aqui. Vamos fazer uma festa e celebrar a tua diferença. Vou dizer a todos os da aldeia para virem a essa festa.


O Ernesto e os pais ficaram muito admirados com o que o velho Elias disse. Só podia estar a brincar.


Em todo o caso e sem grandes alternativas, assim o fizeram. Prepararam-se para a festa e lá foram no dia seguinte.


Todos os habitantes da aldeia estavam presentes e a banda da aldeia começou a tocar.

Tocou, tocou, tocou e todos começaram a cantar e a dançar.


O Ernesto nunca tinha visto uma festa daquelas. Estavam todos felizes e por uns momentos esqueceu o seu problema.


Embalado por todo aquele ambiente de festa e com a música nos ouvidos, não reparou que começou a dançar. E dançou, dançou, dançou sem parar. Rodopiava, dançava como nunca nenhum canguru dançou. Estava tão concentrado a ouvir a música que nem reparou que todos tinham parado para o ver dançar.


Ele não dançava igual aos outros. Como não saltava, dançava de uma forma que mais ninguém conseguia. Era simplesmente maravilhoso vê-lo. Ele tinha nascido com um dom. E o melhor é que se sentia realmente contente a dançar.


Quando parou, o Elias aproximou-se dele e perguntou-lhe:


- Percebes porque não consegues saltar?

- Não percebo porquê. Mas já não me sinto mal por isso – disse Ernesto.

- Pois então já percebeste. – disse Elias.


Todos os cangurus da aldeia aplaudiam e pediam que ele continuasse a dançar para que o pudessem ver. Ernesto sentiu-se incrivelmente feliz porque finalmente a sua diferença não era um motivo de riso e gozo e não se sentia obrigado a ter de saltar. Pelo contrário, pediam-lhe que fizesse algo que ele não só fazia bem, como gostava muito.


E assim continuou a dançar toda a noite e toda a vida. Nunca conseguiu saltar mas, depois desse dia, nunca mais se importou.


E tu, percebes porque é que o Ernesto não consegue saltar?

 
 
 

2 comentários


Manuela Guerra
Manuela Guerra
19 de jan. de 2019

Parabéns, Inês!

Mais um belo ensinamento.

Beijinho grande, continua, porque queremos mais histórias.😍😘

Curtir

Maria Virginia Frade Pina
Maria Virginia Frade Pina
18 de jan. de 2019

Adorei! Histórias muito pedagógicas. Continua que vais num bom caminho.

Curtir
  • Facebook Black Round

Enquanto pudermos sonhar ... seremos felizes! Histórias de Giz é um espaço de imaginação e sonhos. Histórias para crianças e para todos os que ainda se permitem sonhar...

 

Escrito e desenhado por Inês Frade Pina .... e com participação muito especial das meninas Maria e Rita .

Todos os direitos reservados.

bottom of page